Thays Bieberbach

DESMISTIFICANDO O ISLÃ EM SALA DE AULA:
O ISLAMISMO PELA ÓTICA DO HUMANISMO

Thays Bieberbach



Para promovermos um diálogo sincero entre civilizações, é fundamental que o Oriente seja parte ativa no debate, não apenas objeto de estudo [...]. Um diálogo reflexivo e preciso com o Islã ajudaria a encontrar soluções justas e práticas para alguns dos graves problemas que atingem o mundo atualmente. (FARAH, 2001, p. 02)

O ano de 2015 fez com que o Islamismo, voltasse a ser notícia no mundo todo, devido ao preconceito em volta dele e as notícias frequentes da "crise dos refugiados árabes" e o medo instaurado em diversas nações, achando que aqueles que buscavam um novo começo longe da guerra, estavam levando o terrorismo para seus países.

Vivemos em uma época em que ser diferente é motivo para não ser aceito na sociedade, e ser responsabilizado por atos de violência contra si. As diferentes realidades sociais e culturais passaram a se interagir com o passar dos anos, ela não foi feita de uma forma única, o hibridismo cultural esteve e está presente na vida de quem mais precisa de assistencialismo, essa relação de poder de uma cultura sob a outra, nega justamente aqueles indivíduos que resistem a ela e essa resistência é que pode gerar um debate e uma nova forma de compreender o mundo, enxergando o mundo por um outro ângulo, o daqueles que são oprimidos.

Todos nós temos uma cultura particular, estamos inseridos em uma maior, mas a individual é construída e reconstruída o tempo todo, somos influenciados e influenciamos o todo, nos adaptamos ao ambiente. Não se encaixar no que a maioria acredita, nas normas de postura, de controle, como devemos pensar, agir, falar, faz com sejamos excluídos. Temos o direito de escolher onde nos encaixamos melhor na cultura e precisamos ser respeitados por isso, a comunidade deve garantir esse direito e o respeito, combatendo o preconceito muitas vezes dentro da própria comunidade, resumir a identidade de alguém a algo muito pequeno, é o mesmo que desmanchá-las, não levando em conta as suas particularidades.

Jorn Rusen (2015), fala da necessidade do humanismo na sociedade, onde compreendemos as mudanças no mundo e entendemos as diferentes culturas e as suas diversidades e particularidades, diferentes formas de vida com diferentes condições são obrigadas a se adaptarem a elas mesmas.

Isso diz respeito à responsabilidade histórica com os compromissos que podem levar o homem a se tornar humano, no processo de luta pelo reconhecimento da dignidade do outro. Compromisso que não se refere somente em manter as conquistas humanistas já realizadas, mas democratizá-las para aqueles que, desde séculos, ainda sofrem como vítimas de processos desumanizadores e etnocêntricos. A necessidade de aprender experiência históricas de sofrimento que apresentem o outro como constituidor do "nós", possibilita força para lutar pelos direitos à igualdade e dignidade humanas. É fundamental que se encontre, na relação intersubjetiva entre o eu e o outro na Didática da História, o "rosto da humanidade". (Fronza, Schmitd, 2015 p. 9)

Temos que cumprir com competência o ensino de História, na disciplina de didática da história e como a aprendizagem histórica deverá ser organizada nas instituições. Para isso precisamos da consciência histórica, entender o passado, compreender o presente e esperar o futuro. Isso serve de orientação para o futuro, uma vez que os estudantes tem que dominar seu futuro quando forem adultos cidadãos.

A cultura é um conjunto de experiências humanas e são por meio delas que a humanidade se manifesta, buscar a interação com os alunos na sala de aula, partir do ambiente e de coisas conhecidas por eles, torna o ensino de história algo mais palpável para quem até então, não se reconhecia na história. A troca de conhecimentos entre professor e aluno, as trocas de experiências, enriquecem o debate, todos trazem conhecimentos acumulados socialmente e quando tem a oportunidade de falar sobre eles, há uma mistura com o conhecimento escolar, relacionar a vida prática dos alunos com a educação, faz que a escola deixe de ser uma obrigação. O ensino no Brasil, exclui regiões, etnias, sexualidade, classes, gênero.


O que significa a história da humanidade? À primeira vista, isso soa muito abstrato e incapaz de preencher qualquer currículo viável para os ensino e aprendizado históricos, Mas essa impressão é enganosa. Não defendo uma história completamente nova, ao invés disso, meu apelo é apenas voltado para uma nova forma e uma nova dimensão da velha e familiar história. (Rüsen, 2015 p. 32)

A ideia é que o ensino passe a encarar o rosto da humanidade. Os estudantes tem que compreender o que significa ser humano, trazendo a tona o conhecimento social que eles possuem. Atualmente no Brasil, os debates para a Base Nacional Comum, vem demonstrando uma preocupação com debates voltados as realidades sociais, que de voz as minorias e que as instituições comecem a se preocupar com esses temas, pois é através deles que a educação brasileira pode ser mudada.  

A maioria das escolas da Europa, América, e aqui no Brasil, não dedicam uma aula ao islã. Quando o presidente George W. Bush deu o rosto árabe e islâmico ao terrorismo, os muçulmanos são retratados como seres irracionais que precisam ser domesticados e podem ser facilmente exterminados. O extremismo não é exclusividade de muçulmanos, envolvem também cristãos, judeus, hindus e budistas. Precisamos mostrar que o processo de aprendizagem é intenso e o sofrimento vivido pela humanidade necessita de um novo humanismo, o qual segundo Rusen (2015) o ser humano é mais e melhor do que o 'ser atualmente tal ou qual pessoa'.

Por que estudarmos o islamismo? Por que não conhecemos como funciona a religião e quais os países que ela abrange? Por que não pensamos no processo histórico que essas populações sofreram e que hoje se transformou no caos e no fechamento de portões para a entrada deles em novos países? Porque fechamos as portas da esperança?

Entender o islã tanto como civilização e religião, compreender os pilares e os profetas, o alcorão, o hadith, compreender os interesses econômicos de grandes países no continente africano e asiáticos, e as revoltas e guerras civis que surgiram em sua maioria financiadas pelas grandes potências mundiais, compreender o processo de colonização e descolonização das colônias, as ditaduras e a busca da liberdade pela população. Não compreender que somos parte da exclusão e de todo o sofrimento que acontece no continente africano e asiático é negar a história, não reconhecer no outro o ser humano, faz com que cada vez mais portões sejam fechados, o hibridismo cultural não é fácil, é por ele que repreendemos e julgamos o que é bom ou ruim.

Analisar o islã a partir de elementos em comum com o ocidente e pela ótica da colonização e descolonização, para que os alunos entendam como a situação chegou ao ponto que está e é propagada pelos noticiários, é uma boa iniciativa para dar inicio a aula. União da Vitória é uma cidade que tem um grande número de descendentes árabes, turcos e que praticam o islamismo, buscamos os alunos que já estudaram com colegas muçulmanos e de que maneira eles interagiam.

Quando o islã entra no currículo da escola, é tratado pela ótica da expansão do islã e sobre o profeta Maomé, as questões que fazem os alunos e os demais terem uma ideia errônea sobre essa civilização e religião, não são esclarecido, quando falam sobre o alcorão, falam apenas que ele é o livro sagrado, mas não apresentam "O Alcorão e a guerra", mostrando que eles não santificam a guerra, que para eles a guerra é uma autodefesa, mas condenam a agressão e o assassinato, no trecho “E combatei, pela causa de Deus, os que vos combatem. Mas não sejais os primeiros a agredir. Deus não ama os agressores” (Surata 2, versículo 190), como em outras religiões, grupos extremistas, fazem suas próprias interpretações de “autodefesa” para justificar o uso da violência. Não apresentam as explorações que os países africanos e asiáticos sofreram nos séculos XVI até o século XX e as consequências disso tudo. Quando essas questões são deixadas de lado e é trabalhado o mais superficial o possível com o tema, preconceitos e a desumanização do outro surgem.

Apresentar o processo de colonização e de descolonização no continente africano, as revoltas, a exploração, as ditaduras, entramos em um dilema: como os países que mais deveriam lutar pela paz no mundo, são os que mais lucram com as guerras?  Como esses mesmos países que investem nos grupos terroristas e financiam as guerras civis, não permitem que pessoas fujam para os seus países atrás de uma coisa: a esperança. Esse foi um dos temas que trabalhamos ao longo do estágio e foi a que mais provocou indignação e questionamentos entre os alunos.

A aprendizagem vária de acordo com o conteúdo, ela não tem um caminho e um fim, não existe um manual de como desenvolver a consciência histórica nos alunos. Mas a experiência que tivemos ao abordar o islamismo pelo humanismo foi bem satisfatória. O humanismo afirma a igualdade de todos os seres humanos e que essa igualdade pode sim levar a equidade e justiça em um mundo cheio de injustiças e desigualdades, sejam elas sociais, políticas, econômicas, culturais.

Referências

FARAH, P. O Islã. São Paulo: Publifolha, 2001

RÜSEN, Jörn. Humanismo e Didática da História. Editora W. A. Curitiba, 2015.

39 comentários:

  1. Estariam os professores preparados para apresentar o Islã sem repetir o esteriótipo midiático?

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  2. Estariam os professores preparados para apresentar o Islã sem repetir o esteriótipo midiático?

    Alexandre Black de Albuquerque.

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    1. Oi Alexandre, obrigada pela pergunta, desculpa a demora na resposta, mas é que ontem tivemos várias atividades sobre o dia da mulher.

      Eu ainda acho que não, até por ser um tema bem pouco estudado na escola, ele é um tema que sempre está em foco, mas não existe o cuidado para trabalhar com ele.

      É muito difícil quando você é de fora de uma cultura falar sobre ela, mas busquei trabalhar principalmente com o livro do Farah, as noticias atuais e apresentar as semelhanças com o cristianismo e judaísmo. O Livro do Farah foi o único dentro da graduação que falou sobre o Islã e a linguagem que ele aborda além de ser fantástica, é simples e clara.

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    2. Colega Thays, a deficiência em trabalhar o tema, não estaria presente na falta de uma reflexão mais filosófica que busque uma compreensão complexa da história ?

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  3. Como contornar a falta crônica de material didático sobre o islamismo?
    Alexandre Black de Albuquerque.

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    1. Montei o material didático, se quiser posso passar por e-mail.

      tjtpdb@gmail.com

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  4. OI Thays!
    Pena que em minha época de vida acadêmica não estudei nada sobre islã e oriente médio, mas como nossa profissão exige constante leitura e pesquisa, tive a oportunidade de conhecer um pouco sobre o islã. Realmente, devemos partir do pressuposto de que as diferenças existem para somar e nos alertar de que não somos os únicos a habitar este planeta.
    Celimara Solange da Silva Orlando.

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    1. Oi Celimara, obrigada pelo comentário.

      Para trabalhar com os alunos do 9º ano e do 3º ano do Ensino Médio, comecei perguntando o que vinha a cabeça deles quando escutavam "muçulmanos, árabes, islã", as respostas não foram além de bomba, apedrejamento, terrorismo. Logo após comecei a trabalhar com eles os pilares, os profetas, mostrando as semelhanças, diferenças, o Alcorão. Mas o que foi muito importante para que todos eles começassem a refletir sobre a situação atual, foi trabalhar como os processos de colonização e descolonização foram tão cruéis, apresentar como funciona a ONU. Tentei trabalhar o tema de uma forma que eles enxergassem o islã de uma forma mais humana.

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  5. Todo o sistema de ensino deveria estar dentro de uma ótica humanista. Como desenvolver em sala de aula o diálogos entre duas culturas relativamente diversas?
    Alexandre Black de Albuquerque

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    1. Aqui foi um pouco mais fácil, porque temos bastante descendentes de árabes em nossa cidade. Muitos alunos já viram um, ouviram ou estudaram com outro.

      Quando coloco em meu texto que "Não compreender que somos parte da exclusão e de todo o sofrimento que acontece no continente africano e asiático é negar a história, não reconhecer no outro o ser humano, faz com que cada vez mais portões sejam fechados, o hibridismo cultural não é fácil, é por ele que repreendemos e julgamos o que é bom ou ruim"

      Acho que devemos partir dos pontos parecidos entre as culturas, apresentar os diferentes rituais, apresentar o quanto somos "estranhos" para outras culturas também. E acredito que só quando apresentamos que nós fazemos parte da exclusão da outra cultura, é que os alunos conseguem refletir sobre o tema.

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  6. Thays, boa tarde. Não seria a inclusão de estudos sobre o islamismo e cultura árabe sob ótica desmistificadora em aulas de Religião e em outras disciplinas como Sociologia e História, um meio eficiente de desmistificar estereótipos e preconceitos?

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    2. Oi Laura, obrigada pelo comentário.

      Seria um meio eficiente, mas o material didático sobre ensino religioso que tem no dia a dia educação e a forma como se problematiza a questão não são tão eficientes e infelizmente a disciplina não é ministrada por pessoas que tem formação na área, o que acaba fazendo com que alguns docentes a conduzam a partir de suas crenças pessoais.

      Nos livros didáticos de História que eu pesquisei, ele é abordado apenas para falar sobre a expansão do islã e quem foi o Maomé.

      Em Sociologia eu não posso falar nada, porque não pesquisei sobre o assunto nessa disciplina.

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  7. Um trabalho muito relevante, parabéns!

    Além da História, quais outras áreas de ensino é possível incluir tal temática?

    (José Vando Moreira da Silva – Caruaru/PE - jose_vando@live.com)

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    1. Oi José, obrigada pela pergunta. A temática pode ser incluída nas disciplinas de Ensino Religioso, Sociologia, Antropologia Cultural e Geografia.

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  8. Boa noite Thays

    Primeiro gostaria de parabenizar pelo trabalho. Concordo com você que a abordagem feita do islã em sala de aula é focada na expansão da religião, não entrando em detalhes sobre o livro sagrado deles por exemplo. Você teria algum livro ou artigo que destacasse os principais pontos do Alcorão?

    Att.
    Fábio Liberato de Faria Tavares

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    1. Oi Fabio, obrigada pela pergunta e desculpa a demora em responder.

      Eu só tive contato na graduação com o livro do Farah "O Islã", nele tem um subtítulo que trabalha o Alcorão. Não tenho ele em PDF, mas se precisar eu scaneio para você

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  9. Olá, Thays, boa noite
    Primeiramente, parabéns pelo trabalho e pelo tema difícil que você abordou, é de fato um desafio pela falta de material e por muitos pré-conceitos que infelizmente ainda permeiam a mentalidade dos estudantes.
    Minha pergunta é como você trabalhou o tema com os alunos, partindo de qual fonte e como foi sua abordagem. Você usou um modelo tradicional de aula? Como foi a aceitação dos alunos e como você avalia o resultado do trabalho com o tema?
    Obrigada,
    Giovana Maria Carvalho Martins

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    2. Oi Giovana, obrigada pelo comentário e as perguntas.

      Eu usei diferentes fontes, primeiro utilizei o vídeo da reportagem sobre o 11 de setembro e o discurso do George W. Bush dando o rosto árabe ao terrorismo, procurei mostrar como os muçulmanos passaram a ser julgados e violentados após os atentados, apenas por serem muçulmanos. Tive que voltar lá na colonização, explicar os conflitos entre as diferentes etnias e como elas viam o colonizador como o inimigo comum, quando o colonizador foi embora, ficou vazio e elas voltaram a guerrear entre si. Utilizei fotos e índices, e trabalhei com a aula oficina que a Isabel Barca fala em seu livro "Para uma educação de qualidade".

      Senti um pouco de resistência por parte dos alunos na primeira aula. Mas ao decorrer do estágio, observei que a postura e o discurso deles mudou. Trabalhar esse assunto foi muito importante, encerramos na semana que aconteceram os atentados na França, acredito que eles refletiram sobre o viram e como a mídia trabalhou o assunto. Se eles conseguirem ler pelas entrelinhas,buscarem o há por trás do senso comum e não se calarem quando quaisquer pessoas propagarem o ódio e violência contra muçulmanos, acho que o consegui fazer o meu papel de professora.

      Na verdade, em meus estágios, aprendi mais do que tentei ensinar

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  10. Olá Thays, parabéns pelo trabalho!
    Você acha que seria pertinente trabalhar também com a representação das mulheres islamicas em sala de aula, quando abordado o tema islamismo, para a desconstrução dos estereótipos relacionados a sua cultura, vestimenta e outros?
    Você conhece o autor Edward Said? Acho você se interessaria em ler um livro dele chamado Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente.

    Obrigada
    Att. Giovana Camargo Todan

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    1. Oi Giovana, obrigada pelas perguntas e sugestões.

      Sim, muita perguntas foram feitas sobre essas questões. Penso em trabalhar as mulheres islâmicas esse ano (não sei se vou conseguir no estágio, mas pelo menos um artigo sobre elas eu farei).

      Não conhecia esse autor, vou procurar. Muito obrigada :)

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  11. Boa noite Thays,
    Tive a oportunidade de trabalhar o islamismo com turmas de 6º e 7º ano do ensino fundamental. Nesta intervenção (pelo PIBID), sempre buscamos desfazer os estereótipos e naturalizar o convívio com as diferentes culturas.
    Trabalhei com a cultura alimentar do islamismo e os alunos ficaram bastante interessados, principalmente por reconhecerem que nas suas religiões (predominantemente cristãs) também havia hábitos alimentares diferenciados.
    Qual você acredita ser a melhor metodologia para trabalhar com este tema em sala de aula? Qual seria a melhor abordagem?

    Desde já grata,
    Rebecca Carolline Moraes da Silva

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    1. Rebecca, obrigada pelo comentário e pela pergunta.

      Eu tive apenas 6 aulas para trabalhar: desmistificando o islã; pilares, profetas e alcorão; processo de colonização e descolonização; primavera árabe.

      Eu busquei no estágio trabalhar o máximo possível para que eles compreendessem questões recentes.

      Parti do ponto que todas as religiões existem extremistas. Apresentei a resposta que o pugilista Muhammad Ali deu para um repórter logo após os atentados de 11 de setembro, quando foi questionado sobre como se sentia por pertencer a mesma religião que matou mais de 3 mil pessoas nos atentados e ele respondeu: e você, como se sente professando a mesma fé que Hitler?

      Aula expositiva dialogica e aula oficina, são o que eu consigo me identificar para trabalhar.

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  12. Olá, Thays, tudo bem?
    Também tive a oportunidade de trabalhar com a questão islâmica em sala de aula e percebi que, de fato, a abordagem dos livros didáticos são bastante restritivas, como você mencionou.
    Quais foram as suas maiores dificuldades durante o processo e que mecanismos você dispôs para contorna-los?
    André Moreira da Silva.

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    1. Oi André, obrigada pelo comentário e pergunta.

      O estagio foi realizado em colégio particular, com alunos que tem uma condição financeira melhor. A maior dificuldade que senti, foi ver que os alunos tinham grandes dificuldades em entender problemas sociais e de como "o grande sempre explora o pequeno". É que isso não faz parte do cotidiano deles, vivem em um mundo paralelo. Foi essa a impressão que tive logo que cheguei.

      Consegui contornar isso, apresentando os processos de colonização e descolonização, até que uma aluna me pergunta da ONU e eu apresentei o poder do veto que algumas grandes nações tem e o porque que algumas delas não fazem nada eficiente para mudar a realidade desses países e povos. Foi nesse momento que outra aluna disse: "professora, então quer dizer que quem deveria lutar pela paz, são os que mais lucram com as guerras?"

      Meu coração pulou de alegria, pela reflexão que estavam fazendo.

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  13. Olá Thays,
    Adorei seu texto!!
    Já debatemos várias vezes esse assunto e chegamos à algumas conclusões. Também trabalhei com Islã em sala de aula e o meu foco era exatamente o seu: quebrar preconceitos, mostrar o islã por ele mesmo. A dificuldade inicial foi mostrar que etnia, nacionalidade e religião não são a mesma coisa, logo, nem todo árabe é mulçulmano e nem todo mulçulmano é árabe. Como resultado central das minhas aulas percebi o quão os alunos do ensino médio são " formados" pelas redes sociais e pela mídia. De que maneira, na sua opinião, o professor pode direcionar o uso do bombardeio de informações que as redes sociais e a mídia oferecem para os alunos sobre a temática? Partindo do pressuposto que o não uso delas é impossível.
    Grata

    Tamires Nepomoceno Franco

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    1. Oi Tami :)

      Acho que temos que aprender a usar as redes sociais também, existem sites e páginas muito boas, que compartilham conteúdos excelentes. O que eles trouxeram de informações das redes sociais, eram mais sobre os refugiados, grupo terrorista estado islâmico e a ideia que todos eles eram terroristas.

      Quando eles apresentam um comentário da rede social, acho importante passarmos o nome de páginas que desconstroem essas ideias, ou que choque o aluno no primeiro momento, para que eles vejam que pessoas morrem todos os dias buscando um futuro melhor. A foto mais polêmica que usei que serviu para um grande debate foi a dos corpos em alto mar que formavam o símbolo da união europeia.

      Mas claro que tudo isso, só foi possível dialogando com com as outra fontes que levei.

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  15. Olá Thays, gostei muito do seu texto, é uma pesquisa de grande importância, parabéns!
    Gostaria de saber qual foi a reação dos alunos em relação ao tema apresentado, eles se sentiram atraídos pelo tema? Geralmente acontece de alguns estudantes apenas relevaram essas questões, não enxergando uma proximidade em relação a elas. Como você fez para eles se relacionarem com o tema e enxergarem a importância de conhecer essa cultura? Na minha opinião, quando se trata do conhecimento escolar, a maior dificuldade é essa, fazer com que os alunos se sintam parte da história...
    Outra pergunta, o que os alunos sabiam inicialmente sobre o tema tratado? Algum deles pensava mais profundamente sobre o tema? E houve uma diferença considerável no modo de pensar dos alunos ao término do trabalho em relacao ao começo?

    Giovanna Trevelin

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    1. Oi Giovana, boas perguntas.

      Demorou duas aulas para que o interesse pelo tema despertasse nos alunos. União da Vitória é uma cidade com grande número de descendentes de árabes, o que possibilitou que alguns já tivessem estudado com colegas muçulmanos.

      O que fez eles enxergarem a importância de conhecer outra cultura, foi a necessidade de compreenderem o porque alguns países europeus não queriam a entrada deles em seus territórios. O porque os países que podem ajudar não ajudam e assim por diante.

      A primeira aula dediquei para quebrar os estereótipos, pedi para escreverem o que vinha a cabeça deles e as respostas não foram além de terrorismo, homem bomba, atentado.

      Sim, houve sim uma diferença considerável no final do estágio, os textos que eles produziram ficaram lindos e acompanho alguns alunos nas redes sociais e fiquei muito feliz em ver a resposta que eles dão quando alguém fala sobre o islã pelo senso comum.

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  17. Boa noite. Ainda esta semana comecei a falar sobre o mundo árabe e o islamismo no sétimo ano, e quando questionei os alunos sobre o que sabiam sobre o tema a maioria se referiu a terrorismo, bomba, etc. Tentei desconstruir os esteriótipos com eles, mostrando que o islamismo não pregava a guerra. Gostaria de saber se existem materiais que tratem sobre o islamismo sem associar à guerra, a morte? Seria interessante um aprofundamento no tema com alunos tão jovens? De que maneira poderia ser feita essa discussão?

    Grato, Raul Luiz de Souza Machado de Souza

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    1. Oi Raul, boa pergunta, eu ainda sou nova nessa pesquisa, mas acredito que deve sim existir. O que eu busquei fazer em meu estágio (com o 9º ano e o 3º ano do médio) foi montar o material didático, se precisar eu posso te enviar por e-mail. Tem alguns vídeos muito bons para você trabalhar. Se quiser me manda um e-mail: tjtpdb@gmail.com

      Eu acredito que para trabalhar esses temas considerados "polêmicos", quanto mais jovens forem as crianças, os resultados serão mais satisfatórios. Com os pequenininhos do fundamental 1, por meio de oficinas e teatros.

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  18. Bom dia, realmente falta material sobre o mundo árabe, principalmente por serem um dos berços de sabedoria antiga.
    Poderemos comparar ou igualar o terrorismo de uma parte de muçulmanos a uma parte dos americanos que destruíram duas cidades com a bomba atômica, com uma parte dos alemães pelas atrocidades da segunda guerra, com uma parte dos russos na época de Lenin? O que mais chamou a atenção neste caso foi a alta velocidade de informações, principalmente visuais. Como disse um amigo muçulmano, a Alcaida ( Al-queada) não sabe interpretar o alcorão.
    Ione Schmidt, estudante de Licenciatura em História a distância, Furg .
    Sapiranga – RS B- Brasil

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    1. Oi Ione, boa pergunta.

      Acho importante ressaltarmos algumas diferenças e explicar as pessoas e alunos que cada um faz a interpretação que acha mais cabível sobre quaisquer coisas, incluindo a Bíblia e Alcorão.

      1º precisamos falar que algumas pessoas realmente fazem atos extremos em nome de uma religão.

      2º precisamos falar também que algumas pessoas que não seguem a religião, mas sabem o quanto ela é importante na vida de milhares de pessoas, se aproveitam dela para seus atos absurdos, citando trechos (TRECHOS) de livros sagrados.

      Parti do ponto que todas as religiões existem extremistas. Apresentei a resposta que o pugilista Muhammad Ali deu para um repórter logo após os atentados de 11 de setembro, quando foi questionado sobre como se sentia por pertencer a mesma religião que matou mais de 3 mil pessoas nos atentados e ele respondeu: e você, como se sente professando a mesma fé que Hitler?

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  19. Muito bom trabalhar o assunto na ótica humanista, mas como ''desmitificar'' na sala de aula o que aos nossos olhos são radicais, pois no seu livro religioso é citado:2 (sura ou surata):191 (capítulo) - Matai-os onde quer se os encontreis e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque a perseguição é mais grave do que o homicídio. Não os combatais nas cercanias da Mesquita Sagrada, a menos que vos ataquem. Mas, se ali vos combaterem, matai-os. Tal será o castigo aos incrédulos.
    3:32 - Obedeça a Deus e ao Mensageiro. Mas, se se recusarem - então, de fato, Deus não gosta dos descrentes.
    9:5 - Mas quanto os meses sagrados tiverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.
    Gabriel I. Covalchuk

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    1. Gabriel, boa pergunta. Como falei na pergunta anterior, é importante ressaltarmos algumas diferenças e explicar as pessoas e alunos que cada um faz a interpretação que acha mais cabível sobre quaisquer coisas, incluindo a Bíblia e Alcorão.

      1º precisamos falar que algumas pessoas realmente fazem atos extremos em nome de uma religão.

      2º precisamos falar também que algumas pessoas que não seguem a religião, mas sabem o quanto ela é importante na vida de milhares de pessoas, se aproveitam dela para seus atos absurdos, citando trechos (TRECHOS) de livros sagrados.

      Para mim, quando grupos se utilizam da bíblia e alcorão, é só com um fim político.

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  20. Bom dia. Sou professora de língua portuguesa e literatura e casada com um árabe muçulmano com quem tenho um filho. Tenho muito medo dessa onda de medo, revolta e ignorância que estamos presenciando em relação aos seguidores do profeta Mohammed. Busco, através da literatura desmistificar o Islã, mas temo de ser mal interpretada e compreendida. De que maneira poderíamos em sala de aula aproximar essas duas culturas tão diferentes, uma vez que não podemos amar e aceitar aquilo que nos é estranho? Existem projetos de ensino com esse propósito?

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