Matheus Sussai

O QUE VOCÊ SABE SOBRE A HISTÓRIA DAS MULHERES? CONHECIMENTOS PRÉVIOS DOS ALUNOS SOBRE QUESTÕES DE HISTÓRIA E IDENTIDADE DA MULHER BRASILEIRA

Matheus Henrique Marques Sussai



Apresentando a discussão

O presente texto tem como objetivo refletir sobre as respostas de um questionário de conhecimentos prévios realizado com os alunos do 8º (B) ano do IEEL - Instituto de Educação Estadual de Londrina - como atividade do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) de História da UEL (Universidade Estadual de Londrina) pelo ano letivo de 2015.

O questionário fez parte de um conjunto de seis encontros com os alunos do 8º ano do IEEL, durante as atividades realizadas pelo PIBID nesse colégio. O tema proposta para a aula de História era: "Identidade, Alteridade e Representação: o estereótipo da mulher brasileira a partir de propagandas de cerveja (1992-2015)". Esse que é um subprojeto do projeto maior que se intitulou: "Brasil: de onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos", onde o intuito era se trabalhar questões de identidade e tolerância sobre diversos temas no Brasil. A partir daí, a nossa escolha foi a representação da mulher na mídia, mais especificamente, nas propagandas de cerveja, que ainda hoje é um produto em que a propaganda é destinada com maior nitidez ao sexo masculino.

Partindo dos pressupostos metodológicos da historiadora Isabel Barca, em seu modelo de "Aula-oficina" (2004, p. 131-144), o professor de história deve mediar o contato entre os alunos e as fontes de estudo do historiador. Dessa maneira, o aluno terá participação ativa na construção do seu conhecimento, fugindo dos modelos de "Aula-Conferência" e "Aula-Colóquio", onde a atenção e o dito "foco do conhecimento" estão ligados diretamente à figura do professor. É partindo desse modelo de "Aula-oficina" que utilizamos durante as atividades, que surgem os questionários de conhecimentos prévios que serão aqui analisados. Muitos pesquisadores se debruçam sobre os instrumentos de investigação de conhecimentos prévios, mas o que quero ressaltar, é que o nosso produto vem devido ao modelo de aula adotado durante as atividades, onde aqui, nos deteremos apenas e especificamente sobre esses questionários respondidos.

Como já dito, foram realizados seis encontros com os alunos, onde apenas o primeiro objetivou-se o recolhimento das ideias prévias dos alunos. Ou seja, este, aqui, é o único que nos interessa. A pesquisa pelos conhecimentos prévios é um viés adotado para trabalho pela área da Educação Histórica, onde se tem como relevante:

Aprofundar os níveis de compreensão do passado e do presente a partir das ideias de senso comum, integrando significâncias e critérios metodológicos próprios da História, [...] numa problematização aberta à argumentação, e no contexto de uma postura que genuinamente contenha um sentido humano. No que respeita à Educação Histórica formal, ela será um meio imprescindível para operacionalizar o passado histórico em termos de aprofundamento da orientação temporal no presente e para o futuro. (BARCA, 2011, p. 36).

Ou seja, é o no trabalho com essas ideias de senso comum, capazes de serem investigadas via instrumentos de recolhimento do conhecimento prévio, que uma aula de história pode obter "sucesso", ou melhor, pode conseguir alcançar seus objetivos enquanto reflexão sobre passado/presente/futuro. É partindo do conhecimento prévio do aluno, partindo das ideias de senso comum da sociedade em que se está trabalhando, que uma aula de história deve ser pensada.

Agora, segue abaixo as questões presentes no questionário respondido pelos alunos:

*1) Quais são, para você, os homens mais importantes na História do Brasil? Por quê?
*2) Quais são, para você, as mulheres mais importantes na História do Brasil? Por quê?
*3) O que você já viu, nas aulas de História, sobre a história das mulheres (participações em acontecimentos históricos que você conheça)?
*4) Você acha que existe algum tipo de desigualdade ou preconceito sobre o papel da mulher na História, e na nossa sociedade? Se sim, ou se não, por quê?
*5) Você acha que a História, levando em conta os conteúdos que estuda em sala de aula, possui relação com a construção de uma imagem do homem e da mulher? Comente.
*6) Os papéis do homem e da mulher, na nossa sociedade, são iguais? Eles sempre foram do jeito que são hoje? Explique.
*7) Defina o que você entende por "machismo".
*8)Defina o que você entende por "feminismo".
*9) Quais tipos de propagandas (televisivas, veiculadas na internet, etc) são voltadas para as mulheres? E para os homens? Por que essa diferenciação acontece?
*10) Como a mulher é representada na mídia, nas propagandas da TV?

Agora, partimos para uma análise mais específica de algumas respostas referentes a essas perguntas. Visto que aqui não é possível uma exposição mais minuciosa de todos os questionários, escolhemos algumas respostas que achamos mais representativas, num sentido de amostragem, do âmbito geral dos questionários.

Análise e reflexão sobre as respostas dos alunos: o conhecimento prévio e as discussões sobre história da mulher, e a mulher na história

Foram recolhidos um total de 26 questionários respondidos, sendo 17 referentes a alunos do sexo masculino, e 09 do feminino. Os alunos possuíam uma faixa estaria correspondente de 12 a 15 anos. Para refletirmos sobre as respostas desses alunos, é importante pensar que este questionário foi pensado em um âmbito de continuidade do processo de aprendizagem, onde o recolhimento do conhecimento prévio é o ponto de partida para tomar o aluno como ativo na construção do seu conhecimento. Como nos mostra Regina Célia Alegro (2008, p. 39), "[...] quando trata do conhecimento prévio, Ausubel está referindo-se à situação de ancoragem, ou seja, ao processo de integração de novos conteúdos (conceitos, proposições) à estrutura cognitiva do sujeito". Aqui, no caso, não veremos a continuidade deste processo de aprendizagem, uma vez que o texto se dedica a analisar, dar uma amostra das respostas mais características dos alunos.

Sobre as duas primeiras questões, obtivemos diversos nomes, como por exemplo, sobre os homens: D. Pedro I, Pedro Álvares Cabral, Machado de Assis, Pelé, Lula, e Santos Dumont. Algumas referências indiretas como: "Quem descobriu coisas eletrônicas, porque foi um grande avanço." (GABRIELA, 2015); "Os índios. Pois antes mesmo de descobrirem o Brasil, eles já ocupavam o território." (ANA, 2015).  Já sobre as mulheres, tivemos os seguintes nomes: Dilma, Maria da Penha, Princesa Isabel e Maria Leopoldina. Vemos como o número de referências é bem menor. Chamaram-nos a atenção duas respostas que colocaram tanto sobre a questão 1, como a 2, os termos "Meu pai" e "Minha mãe", aludindo à cada pergunta, sobre os homens e as mulheres mais importantes do Brasil. Isso mostra certa capacidade de se perceber como sujeito da história, que a história é feita de "gente como a gente" (PINSKY; PINSKY, 2003, p. 27). Ainda sobre a questão número 2, mas já fazendo alusão à terceira, vemos muitas referências ao incêndio posto numa fábrica onde muitas mulheres foram queimadas. Não se sabe ao certo a data desse acontecimento famoso, mas estima-se 25 de Março de 1911. O relevante é que ele foi utilizado para a institucionalização do "Dia Internacional da Mulher". São essas as únicas referências que os alunos fizeram sobre a história da mulher no Brasil (mesmo algumas respostas não fazendo referência ao Brasil).

Na questão número 4 tivemos várias respostas que citaram o salário menor da mulher, por exemplo: "Sim. Porque hoje em dia uma mulher não ganha igual a um homem" (JULIA, 2015). Mas também algumas apologias ao presente já ser melhor que o passado, onde hoje a mulher não seria mais injustiçada: "Não porque agora diferente do passado as mulheres tem mais independência para fazer oque (sic.) quizer (sic.) sem a ajuda do homem" (HELOIZE, 2015). Mas a resposta que mais nos chamou atenção foi: "Sim, que eu me lembre nunca tive conteúdo em que a mulher fosse uma protagonista" (MARCOS, 2015). Vemos, aqui, uma percepção crítica do aluno sobre os protagonistas da História, onde este percebeu, usando seu conhecimento prévio, que não teve contato com conteúdos de história onde a mulher tivesse um papel principal, ou nas suas próprias palavras, "protagonistas". As respostas da 4 e da 6 se assemelham muito, caracterizando argumentos como um passado pior para as mulheres, e um presente com menos preconceito, mas ainda existente.

A questão número 5 teve a maioria das respostas baseadas em argumentos que diziam que a história mostra como as mulheres foram prejudicadas, que não tinham direito a votos, ou àqueles que discordaram sobre a história interferir na imagem do homem ou da mulher. Aquela que se caracteriza como uma resposta de amostragem refere-se a: "Sim, pois a história mostra que as mulheres batalharam para ter a sua independência." (HELOIZE, 2015).

As perguntas 7 e 8, referentes as definições de "machismo" e "feminismo", relevantes para a continuidade do que trabalhamos em sala de aula, obtiveram, na maioria das respostas, os significados como um sendo o contrário do outro. Ou seja, a ideia de "Feminismo" muitas vezes veio não como se fosse uma luta pelos direitos da mulher (apareceram poucas vezes respostas semelhantes a isso), mas sim "[...] aquelas mulheres que também tem preconseito (sic.) com o homem." (LUCAS, 2015). Ou, como vemos em outro exemplo: "É quando a mulher acha que pode mais que o homem" (MATEUS, 2015). E sobre o "Machismo", de forma geral: "é quando o homem maltrata a mulher quando ele fas (sic.) a mulher e escrava" (WILLIAN, 2015). Outro exemplo com a mesma base de argumentação: "são homens orgulhosos que tem ainda muita desigualdade com as mulheres." (LUCAS, 2015). A partir daqui, trabalhamos a definição dos dois conceitos em sala de aula, que se mostraram muito confusos nas respostas dos alunos, como podemos ver.

As duas últimas questões, 9 e 10, possuíam um caráter mais específico com o tema que trabalharíamos futuramente dentro de sala, levando em conta informações sobre mídia brasileira, propagandas, e etc. Muitas das respostas "não sei" que vieram para essas perguntas, acreditamos que surgiram devido ao maior grau de especificidade e complexidade dessas duas questões. Ainda assim, argumentos interessantes surgiram sobre as propagandas e a mulher brasileira representada pela mídia. Apontamentos certamente vindos de olhares mais atentos e críticos, tais como, sobre a questão 9:

Para as mulheres são cosmético limpeza e etc... e para homem são conteúdos de comstrução (sic.), futebol e etc... porque assim "eu acho" que eles são muito preconceituosos com isso porque uma mulher pode limpa (sic.) uma casa bem, ser vaidosa o homem também pode, como o homem pode arrumar uma pia, construir uma casa a mulher também na televisão eles passa muito preconceito nisso, dividindo as coisas. (ALESSANDRA, 2015).

A crítica à divisão que a mídia veicula os produtos devido ao gênero se mostrou dentro do argumento dessa aluna, como no de outros mais. Isso influenciou muito nas análises realizadas por estes nos documentos históricos (propagandas de cervejas contemporâneas) que foram feitos em seguida e não serão aqui trabalhados. O foco é perceber a importância de se investigar as informações prévias desses alunos, e objetivando o nosso tema, como isso embute em questões polêmicas da contemporaneidade, onde machismo e feminismo são assuntos do cotidiano desses alunos. A construção histórica de uma imagem de mulher e de um homem são temas que devem ser discutidos em sala de aula, onde a disciplina da História consegue problematizar essas questões.

Referências

ALEGRO, Regina Célia. Conhecimento prévio e aprendizagem significativa de conceitos históricos no Ensino Médio. 2008. 239f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília, 2008.
BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In: Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED) / Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131-144.
_____. O papel da Educação Histórica no desenvolvimento social. In: CAINELLI, Marlene; SCHMIDT, Maria A. Educação histórica: teoria e pesquisa. - Ijuí: Ed. Unijuí, 2011. p. 21-48.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma História Prazerosa e Consequente. In: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. - SP - Contexto, 2003. p. 17-36.



18 comentários:

  1. Matheus. Não sei se estarei sendo correto em minha fala mas... pensar numa aula oficina não seria o mesmo que expor sua opinião indiretamente enquanto um professor, por meio de fontes e questionários? As ideias de Barca me incomodaram um pouco na graduação e me incomoda um pouco ainda hoje, porque parece que não podemos, enquanto professores(as) de História, demonstrar em algum momento da aula a nossa opinião a cerca de algum tema, com base nas fontes que pesquisamos para dar a aula. Às vezes penso que ao falar de “"Aula-Conferência" e "Aula-Colóquio", onde a atenção e o dito "foco do conhecimento" estão ligados diretamente à figura do professor” estamos falando de uma opinião que não pode ser confrontada, só porque é opinião docente. Será que não poderia haver expressão de ideias do docente, desde que haja um confronto dessas ideias por meio de fontes apresentada pelos(as) discentes, incentivando-os(as) a pesquisarem também? Não sei se fui bem claro em minhas palavras.

    Carlos Mizael dos Santos Silva

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    1. Olá Carlos, meu caro! Foi muito claro na sua questão e nos apontamentos, obrigado. O que posso comentar é que a minha interpretação a respeito da Barca segue para um lado onde justamente ao escolhermos as fontes para trabalhar com os alunos, já estamos colocando muito "da nossa opinião" ali, muito daquilo que nos interessa enquanto professores, pois fomos nós, como você disse, que fizemos o recorte e a escolha documental. E sim, concordo com você em incentivar a pesquisa por parte dos alunos, mesmo que essa as vezes é impossibilitada pela inacessibilidade a certos acervos. Mas concordo que é uma metodologia válida, o aluno ir em busca de novas fontes. No entanto, não foi a abordagem tomada nesse trabalho. Utilizamos o modelo "Aula-oficina" da Barca em um momento posterior a este do qual escrevi o artigo, pois a análise feita acima é apenas sobre os "Instrumentos de investigação prévia" respondidos pelos alunos que trabalhamos com a documentação posteriormente. Falta espaço aqui para detalhar todo o procedimento de abordagem com as fontes, sendo os investigadores prévios o nosso objeto de estudo. Quanto ao modelo "Aula-oficina", acredito que seja um forma de colocar o aluno em contato com fontes novas, para que este saia do procedimento padrão baseado no livro didático. No entanto, o incentivo ao aluno realizar a pesquisa é uma proposta exímia, da qual também defendem os pesquisadores da Educação Histórica. Em uma aula-oficina penso que cabe sim a crítica ao pensamento do professor, como também cabe a opinião do professor sobre tais documentos. Afinal, essa é a proposta, a História enquanto uma pluralidade de interpretações baseadas em métodos válidos de crítica aos documentos. Logo, penso que a aula-oficina, mesmo levando o foco para as interpretações dos alunos, é o local das trocas de ideias entre professores e alunos, é onde o aluno ganha voz, mas também a mediação do professore recebe total relevância nessa metodologia de aula. Não sei se esclareci a sua questão e seus argumentos. Espero ter ajudado. E agradeço a pergunta e a colaboração. Estou à disposição para novos apontamentos. Obrigado.

      Matheus H. M. Sussai

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  2. Olá Matheus!
    Quero cumprimentá-lo por dividir experiência tão instigante e oportuna. Penso que toda a história sempre será, de alguma forma, história contemporânea enquanto comprometida com o presente e capaz de interrogar o passado tomando como referência questões essenciais para a vida humana. As desigualdades de gênero, as lutas por direitos, os fundamentalismos que crescem de forma absurda, mostram que é preciso aprofundar o debate, especialmente com nossos alunos. A sala de aula pode ser o lugar para partilhar, confrontar e ampliar horizontes. Para além de ideais docentes, há que se buscar uma interação que suscite a crítica cidadã...Fraterno Abraço, Att. Celso Gabatz

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    1. Olá, caro Celso. Muito obrigado pelo comentário e pelos apontamentos. Concordo com você sobre a sala de aula ser o lugar de ampliação dos debates sobre essas questões contemporâneas e polêmicas. Esse viés voltado à formação de um cidadão crítico é essencial dentro de sala de aula. Como você parafraseia, toda a História é, de certa forma, contemporânea. A nossa escolha em tratar fontes do presente (mesmo abrangendo de 1992 a 2015), foi justamente para que os alunos se atentassem sobre o seu presente como estudo da História. E as fontes, que podem ser as mais diversas, escolhemos as que suscitassem um debate polêmico e cotidiano, essencial para o aluno entrar em contato, o debate de "Gênero". Agradeço mesmo, caro Celso. Um abraço!

      Matheus H. M. Sussai

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  3. Muito bom o artigo, pois considera o conhecimento prévio dos alunos e alunas para depois trabalhar os conceitos e fatos históricos levando a construção do conhecimento conjunto. Tratar de gênero na sala de aula é de extrema importância nesses dias de recrudescimento político e social. Além de trazer a tona, um fato preocupante, que é o desconhecimento sobre o que é o feminismo, evidenciado nas falas. E é na escola onde essas questões devem ser trabalhadas para se chegar a igualdade e a não violência de gênero. Gostaria que o espaço fosse maior, mas fiquei muito curiosa para conhecer o desenrolar do trabalho desenvolvido com esses alunos.
    Parabéns e obrigada!
    Erika Derquiane Cavalcante

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    1. Olá, Erika. Eu que agradeço a sua simpatia e os apontamentos. Concordo plenamente com você que é na escola o local onde esses temas devem ser discutidos, com o objetivo de acabar com esses preconceitos existentes na nossa sociedade. O machismo é apenas um deles, e temas assim devem ter os seus espaços em várias disciplinas. No caso da história, temas como esse podem ser trabalhados em diversos períodos e espaços, deixando uma discussão sempre mais interessante ao aluno comparando com o presente. Sim, uma pena não caber aqui todo o procedimento que fizemos durante as atividades. Mas cabe dizer que após o recolhimento dos questionários de conhecimentos prévios, os alunos analisaram propagandas de cerveja (imagens e vídeos) referentes aos anos de 1992 a 2015, conversando sempre com o presente. No decorrer dessas análises, várias discussões foram acontecendo, entre os próprios alunos, onde mediávamos o controle da situação, e levantávamos questões sobre a violência contra a mulher, sobre a construção histórica de imagens que tocam na identidade e representação feminina, enfocando a mulher brasileira, é claro. No final de todo o processo, os alunos, divididos em grupos, elaboraram seis cartazes abordando a temática que trabalhamos em sala, e espalharam esses cartazes pelo colégio. Foi uma experiência engrandecedora para todos nós. Agradeço muito pelo comentário, e fico feliz que tenha gostado da temática e do modo que a trabalhamos. Muito obrigado!

      Att. Matheus H. M. Sussai

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    2. Obrigada pelos esclarecimentos sobre o desenvolvimento e desfecho do projeto!Realmente, creio que foi uma experiência enriquecedora para todos que participaram!Que se multiplique!
      Obrigada e sucesso!
      Erika

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    3. Imagina, eu é que agradeço pela sua colaboração na discussão. Esperemos que se multiplique, realmente!
      Obrigado,

      Matheus

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  4. Matheus, gostei muito do texto. Trabalho com ensino de história e análise de produção de estudantes também e é algo muito instigante.
    Primeiro, algumas dicas: você chega a comentar rapidamente no texto, mas acho que realmente algumas perguntas cabem ser reformuladas pra facilitar a compreensão do estudante e deixa-lo/a mais solto/a para escrever. E ao apresentar uma análise dessa produção dos estudantes colocar as coisas em porcentagem e números ajuda a nós leitoras e leitores a visualizar melhor o cenário da turma.
    Segundo: você encontrou resistência ao trabalhar esse tema? Como foi a sala de aula quando seu grupo apresentou a proposta de trabalho, a escola, professor/a, etc? Tenho acompanhado recentemente os ataques absurdos que os estudos de gênero têm sofrido e como está ficando difícil trabalhar isso na escola.

    Atenciosamente,
    Renata da Conceição Aquino da Silva.

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    1. Olá, Renata. Muito obrigado pelo comentário e pelos apontamentos. Realmente, algumas perguntas deveriam ter sido reformuladas e faltou a amostragem das respostas em porcentagem, para melhor compreensão das opiniões dos alunos e da sala no geral. Agradeço as dicas, vou utilizá-las. Sobre o segundo ponto que você coloca, a resposta é sim, mas em minoria, no caso da sala na qual trabalhamos. A resistência aconteceu por parte de um dos grupos de trabalho, pois, após o recolhimento desses questionários, os alunos analisaram fontes no decorrer dos outros encontros. E para essa atividade de análise de fonte, os alunos foram divididos em 5 grupos, sendo que um deles, formado apenas por meninos, se mostrou resistente ao debater o tema, disseminando ideias machistas, muitas vezes, e achando desnecessário o debate do tema em sala. Isso seria, então, aproximadamente 20% da sala, onde se encontrou esse "foco" da resistência ao tema que propusemos. Mas em maioria, a sala se mostrou muito disposta a discutir essas questões de gênero. O professor também, até porque fazemos parte do mesmo projeto, onde os temas são elaborados e pensados com o auxílio desses professores que estão na ativa. No âmbito mais geral, falando da escola, o tema foi discutido algumas vezes na sala dos professores, mas não encontramos tantas dificuldades, no que se refere a empecilhos. O que encontramos foram opiniões diferentes, ou contra, de outros professores da própria escola. Mas nada que atrapalhasse tanto a realização do que propusemos. Confesso que fiquei surpreso, nesse caso em questão, pois em outras escolas já tivemos mais empecilhos quando trabalhamos com questão de gênero. Mas claro, esses ataques dos quais comenta, realmente são recorrentes. Vemos certa aversão de alguns quando desejamos tratar dessas questões em sala. Mas nesse caso, esses empecilhos não foram tão prejudiciais.
      Espero ter esclarecido suas questões.
      E mais uma vez, obrigado pelo comentário e pelas dicas metodológicas. Estou à disposição para novas discussões.
      Obrigado,

      Att. Matheus H. M. Sussai

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Olá Sussai. Interessante reflexão. Ao longo de seu texto, podemos vislumbrar sua capacidade de conectar informações historiográficas com a compreensão da realidade contemporânea, em meio a uma práxis transformadora, o que é de enorme importância para a docência histórica na atualidade. Parabéns.

    Para tanto, você se utilizou dos saberes e conceitos prévios dos educandos para promover esta reflexão. Ponto este que é uma das exigências da formação de professores (independentemente da disciplina) na cidade de São Paulo. Os conhecimentos dos alunos jamais devem ser desconsiderados, uma vez que visamos a formulação de um ensino democrático, calcado em uma relação ensino/aprendizagem recíproca. Portanto, tal transformação social constrói-se a partir de suas consciências.

    Contudo, fico com duas dúvidas em mente: (1) como você se utilizou das propagandas de cerveja para trabalhar a imagem feminina? Quais abordagens teóricas foram utilizadas, ou você não chegou a esta etapa de análise?; (2) em meio a um cronograma apertado e que exige dos professores dar conta dos conteúdos pré-estabelecidos, como adicionar aulas tão importantes e em confluência com o currículo proposto?

    Abraços,

    Everton de Souza Teixeira.

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    1. Olá, Everton. Muito obrigado pela colaboração. Então, as análises das fontes pelos alunos levaram um total de seis encontros. Juntamente com as discussões que fazíamos no decorrer. Eu busquei no ciberespaço propagandas que mais enfatizavam estereótipos sobre a identidade da mulher brasileira. Tanto imagens quanto vídeos, os que mais davam discussões. Vou deixar anexado uma comunidade do YouTube de onde tirei muitas fontes. Sobre a abordagem teórica, Marcos Napolitano e Tânia Regina de Lucca me ajudaram bastante sobre o trabalho com as mídias contemporâneas brasileiras. Passamos os vídeos e discutíamos como a mulher era apresentada naquele vídeo, ou naquela imagem. Uma pena não caber a análise aqui. Assim, fazíamos parâmetros, como você mesmo lembrou, relacionando com outros momentos históricos, lutas feministas, e discutindo aquela imagem da mulher nos vídeos, uma imagem recorrente de um corpo perfeito. Junto com isso, vinha a discussão não só da venda da cerveja, mas também da venda de perfis, de modos de vida, de modelos a serem seguidos. E por último, como você bem lembrou, o espaço é super apertado para "fugir" dos conteúdos pré-estabelecidos. No nosso caso, utilizamos um espaço que o programa PIBID oferece dentro das salas de aula. Mas sugerimos que atividades como essas sejam feitas em vários temas e períodos históricos. A análise de propagandas, por exemplo, podemos trabalhar com o período Getúlio Vargas, utilizando desses documentos e mostrando o que era vendido (modelos de vida) na época. Posteriormente, é possível uma comparação com o presente. Como você pode ver, nós recortamos um espaço da História Contemporânea, justamente para trabalhar com os alunos que o presente deles também é de interesse da História. É sempre conflituoso tentar mudar as práticas tradicionais, mas acreditamos que atividades como essas possam ser pensadas e realizadas dentro do currículo proposto, pois, pode-se trabalhar os temas do currículo, mas com uma nova forma, uma nova metodologia.
      Não sei se fui claro nas questões que colocou. De qualquer forma, estou à disposição para discutir mais.
      Obrigado pelo comentário,

      Att. Matheus H. M. Sussai

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    2. Everton, eu disse que ia referenciar um link acima, mas acabei me esquecendo. Segue abaixo:
      https://www.youtube.com/channel/UC6Yeb2RMVNuCgKS_ZHyBcuA

      Att. Matheus

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    3. Com licença, poderia referenciar as obras de Napolitano e Luca?

      Sempre me sinto interessado e curioso por novas referências.

      Abraços,

      Everton de Souza Teixeira.

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    4. Opa, é claro. Segue abaixo algumas referências:

      LUCA, Tania Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. 3 ed., - São Paulo: Contexto, 2014. p. 111-154.

      NAPOLITANO, Marcos. A História depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 3. ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014. (p. 235-289).

      NAPOLITANO, Marcos. Pensando a Estranha História Sem Fim. In: KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2010. p. 163-184.

      Espero ter ajudado.

      Att. Matheus

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    5. Muito interessante. Estes dois livros, Fontes Históricas e História na Sala de Aula, são realmente muito bons.

      Obrigado.

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  7. Olá, Everton. Eu respondi você mas acho que o comentário não foi publicado devido ao horário. Tentarei agora novamente, e caso as duas postagens apareçam, ignore uma rsrs.

    Segue abaixo algumas referências para pensar a imprensa e as revistas ilustradas, utilização da imagem dessas, e a história e mídia contemporâneas.

    LUCA, Tania Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. 3 ed., - São Paulo: Contexto, 2014. p. 111-154.

    NAPOLITANO, Marcos. A História depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 3. ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014. (p. 235-289).

    NAPOLITANO, Marcos. Pensando a Estranha História Sem Fim. In: KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2010. p. 163-184.

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