Simoniely Kovalczuk

REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA  LOCAL

Simoniely Kovalczuk



No passado, a história foi usada para legitimar a união política da nação, sendo a ela atribuída a importante tarefa de forjar uma identidade comum a todos. Contudo, o suceder do tempo exigiu novas necessidades. Atualmente, reflete Caimi (2010) historiadores, pesquisadores de ensino e professores têm defendido uma história que vem em contraponto ao fazer historiográfico dito tradicional. As novas demandas de história dão a ela um papel de orientar os sujeitos a pensarem historicamente, gerando uma consciência histórica, dando um sentido prático a essa disciplina, compreendendo as situações reais da vida cotidiana e do seu tempo. É resultado de uma mudança na estrutura da história, passando a valorizar novos sujeitos, espaços e novas temporalidades.

Dessa forma, para garantir que as novas demandas sejam sanadas, é necessário o amadurecimento do uso da história local. O ensino de história local se dá no cotidiano, no espaço próximo e traz a tona lembranças e particularidades de sujeitos históricos que passavam despercebidos no panorama da macro-história. Assim, optar por esse viés não é diminuir a história, restringir as fontes, ao contrário, é um espaço promissor, onde a história está nas notas dos jornais, na arquitetura da Igreja, nas histórias que só existem quando lembradas. Para o professor, a ausência de fontes escritas dificulta, mas não limita, pois a pesquisa deve estar sempre presente na prática educacional.

A história local costura ambientes intelectuais, ações políticas e processos econômicos que enlaçam o local, regional, nacional e quiçá global. Para Nikitiuk (2002), pensar um estudo sobre a história local significa analisar uma singularidade na totalidade. Em um movimento de dialética entre o micro e a macro-história.

Para o uso da história local do ensino da História, Schmidt e Cainelli (2004, p.112) afirmam ser necessário observar duas questões:

Em primeiro lugar, é importante observar que uma realidade local não contém, em si mesma, a chave de sua própria explicação, pois os problemas culturais, políticos, econômicos e sociais de uma localidade explicam-se, também, pela relação com outras localidades, outros países e, até mesmo, por processos históricos mais amplos. Em segundo lugar, ao propor o ensino de história local como indicador da construção de identidade, não se pode esquecer de que, no atual processo de mundialização, é importante que a construção de identidade tenha marcos de referência relacionais, que dever ser conhecidos e situados, como o local, o nacional, o latino-americano, o ocidental e o mundial.

Contudo, cabe uma ressalva, um professor formado em um curso de pedagogia, possui a carga de conhecimento necessária para gerar tais articulações? Para produzir conhecimento e utilizar-se das fontes documentais transformando-os em história? Nikitiuk (2002) afirma que não existe a necessidade de ser formado em História, para trabalhar com tal disciplina nas séries iniciais, mas que, com certeza, é preciso que o profissional domine as noções fundamentais do conhecimento histórico. Na falta de cursos preparatórios nesse sentido, percebemos a existências de profissionais diversos, que se dividem entre aqueles que buscam aprimorar-se e buscar tais saberes e outros acostumados um comodismo, que os impede de adquirir tais procedimentos.

O ensino de história local é importantíssimo para a geração e construção dos primeiros conceitos de consciência histórica. Abordar a história de uma determinada localidade vem em convergência da escrita de Anderson Fabricio Moreira Mendes, para a revista Tema Livre, quando o mesmo afirma

Pensam a escola como um espaço de renovação, o lugar onde tradições e ideias, possam ser discutidas e não simplesmente reproduzidas, buscando, na realidade dos alunos a própria experiência da classe, historicizando os conflitos, mostrando que os estudantes, como sujeitos ativos e não passivos de história, estão inseridos nesse debate e podem mudar e transformar sua realidade. (MENDES, 2002.p. 3)

Portanto, é plenamente possível que professores que não tenham formação específica na área de história consigam ministrar os conceitos históricos, tanto que haja interesse dos mesmos e dos órgãos de educação, em disponibilizar cursos e conteúdos que facilitem essa apropriação de conhecimento histórico. Caimi (2010) destaca que o estudo de história local permite estabelecer relações muito profícuas com os processos de formação de identidades sociais plurais, superando o verbalismo pouco prático das aulas de história apenas vinculadas a temporalidades remotas, a espaços geográficos distantes e a determinadas memórias pré-selecionadas em um currículo que é resultante de um jogo de poder e que não privilegia a todos. Fazendo com que muitos não se reconheçam tampouco seus grupos de pertença. Dessa forma, o ensino de história local faz com que possam ser desenvolvidas ações de resistência à padronização e homogeneização cultural. Retomando a noção de identidade e os riscos da globalização no processo de corrosão desse marco identitário, Nikitiuk (2002) afirma

O processo de globalização hoje vivido cria um tipo de cidadão que, segundo Marc Augê, ocupa ‘não lugares’ e tem sua identidade não mais ligada a espaços e tempos definidos, gerando dificuldades ainda maiores no ensino de história, pois torna esse cidadão ainda mais distante e carente de significado e, portanto torna mais difícil a apreensão de conceitos básicos que perpassam todo processo de compreensão histórica: os conceitos de espaço, tempo, identidade, fato histórico. (NIKITIUK, 2002, p. 3)

As atividades desenvolvidas na escola, quando reconstroem as histórias vividas no cotidiano dos alunos, recuperam identidades que formam o seu cotidiano significativo, levando a se ver como parte de um processo global. “Quando esse aluno se percebe como um ‘ser histórico’, ele evita a compartimentalização gerada pelo processo de globalização. Um dos mais eficazes para fazê-lo é por meio do estudo do cotidiano.” (NIKITIUK, 2002, p.6). Nesse contexto, cabe aos professores que lecionam história local, explorar o espaço, as representações e as vivências como uma forma de ir contra a hegemonia da história tradicional baseada nos modelos eurocêntricos. O rompimento favorece a consciência de identidades plurais bem como favorece a concretização de conceitos como tempo e espaço.

As vantagens associadas ao ensino de história local são inúmeras, contudo, o mesmo não está isento de dificuldades. Fonseca (2003) aponta alguns percalços do estudo de história local no currículo escolar; A primeira está diretamente vinculada ao fato de que a cidade, o bairro, são vistos como unidades dissociadas do restante do país. Percebe-se também que o ser social aparece como elemento da população ou membro de uma comunidade abstrata; ocorre, ainda, o excessivo destaque dado aos aspectos políticos, como heróis, figuras políticas pertencentes às elites locais e, por último, o fato de boa parte das fontes expostas aos professores para o ensino desse viés historiográfico, estarem intimamente ligadas a órgãos administrativos locais, o que faz com que o mesmo esteja diretamente associado a interesses de grupos de poder, sendo, portanto, um aparato ideológico.

Todo o documento escrito é manipulado, representa uma versão, tal como nos previne Marc Bloch(s/d) e Jacques Le Goff (1977), é preciso fazer um processo de heurística, buscando do documento aquilo que é, de fato, real.  Destaca Sérgio Buarque de Holanda

Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que enchem o panorama da História e são muitas vezes mais interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a História. (PARANÁ, 2008, p. 2)

Tal citação de Holanda vem em convergência com a importância de se ensinar história local. Essa ‘multidão imensa dos figurantes mudos’, somos nós, que não somos Napoleão Bonaparte, Dom João II, Princesa Isabel. Nossas ações podem não ser descritas individualmente nos livros mas o somatório delas moldam a sociedade e suas transformações.

Uma das formas de se dar ‘voz’ a essa imensa multidão ávida por difundir suas experiências, é adotar um método de história oral e vinculá-lo à proposta de estudar a localidade. Isso permite que “escapem das falhas dos documentos, uma vez que a fonte oral é capaz de ampliar a compreensão do contexto, de revelar os silêncios e as omissões da documentação escrita, de produzir outras evidências, captar, registrar e preservar a memória viva” (FONSECA, 2003, p. 155). Nesse sentido, defende Samuel (1989, p. 237-239):

A história local não se escreve por si mesma, mas, como qualquer outro tipo de projeto histórico, depende da natureza da evidencia e do modo como é lida. Tudo pode variar, desde a escolha do tema até o conteúdo dos parágrafos individuais (...). O valor dos testemunhos depende do que o historiador lhe traz, assim como daquilo que ele leva, da precisão das perguntas e do contexto mais extenso de conhecimento e entendimento do qual elas derivam. O relato vivo do passado deve ser tratado com respeito, mas também com critica; como o morto”

A história oral é, pois, um método de pesquisa que privilegia a realização de entrevistas com as pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo.  Trata-se, como enfatiza Alberti, de trazer acontecimentos históricos, instituições, grupos sociais, categorias profissionais, movimentos, à luz de pessoas que dela participaram ou testemunharam. “Entender como pessoas e grupos experimentaram o passado torna possível questionar interpretações generalizantes de determinados acontecimentos e conjunturas.” (ALBERTI, 2007, p. 165).

A história oral nunca é um fim em si mesmo, ou seja, ela sozinha não dá conta de produzir história. Como toda fonte histórica, a entrevista de história Oral, deve ser vista como um “documento”. Deve-se, pois, vinculá-lo a um elaborado processo de crítica documental, para que o mesmo possa ter validade como fonte.

A memória é essencial a um grupo porque está atrelada à construção de sua identidade. O tema da memória está em voga, hoje mais do que nunca, fala-se da memória da mulher, do negro, do oprimido, das greves do ABC, memória da Constituinte e do partido, memória da cidade, do bairro, da empresa, da família. Talvez até da memória nacional, tantas vezes acuada (e tantas vezes acuadora) esteja retraída. Multiplicam-se as casas de memória, centros, arquivos, bibliotecas, museus, coleções, publicações especializadas (até mesmo periódicos). Os movimentos de preservação do patrimônio cultural e de outras memórias especificas, já contam com força política e tem reconhecimento publico. Se o antiquariato, a moda retro, os revivals mergulham na sociedade de consumo, a memória também tem fornecido munição para confrontos e reivindicações de toda espécie. (MENEZES, 2000, p.9)

O direito à memória deve ser garantido a todos, que devem ter acesso aos bens materiais e imateriais que representam a sua história. A memória é importantíssima para a construção de uma identidade:
Ora, é a memória dos habitantes que faz com que eles percebam, na fisionomia da cidade, sua própria história de vida, suas experiências sociais e lutas cotidianas. A memória, trazida a tona pela história oral, é imprescindível na medida em que esclarece sobre o vinculo entre a sucessão de gerações e o tempo histórico que as acompanha. (ORIÁ, 1998, p.139)

Além disso, o ensino de história local amplia a educação popular em face de preservação patrimonial.  Hugues de Várine destaca que cada pessoa é dona de um patrimônio próprio, sendo, ao mesmo tempo, coproprietário moral do patrimônio da sociedade a que pertence. “Portanto, poderá aprender a partir de algo que ‘é dele’, que identifica como seu ou como integrando o seu meio, e que vai poder  reconhecer, aprofundar e, por fim, utilizar” (VARINE, 2002, p. 292).

Contudo, não podemos incorrer ao erro de considerar a história oral como único viés plausível para romper com essa tendência a homogeneização cultural. Ela é uma das possibilidades que, somada a outras, promove o respeito à pluralidade e a retomada da consciência de que somos seres históricos.

Referências

ALBERTI, Verena. Manual de história oral. Rio de Janeiro, editora FGV, 2005.
BLOCH, M. Introdução à história. 6ª ed. Portugal: Publicações Europa-América, s/d.
CAINELLI, Marlene. Educação Histórica: ensinando e aprendendo história no ensino fundamental: Texto Mesa Redonda apresentado no VIII encontro  Nacional dos Pesquisadores do Ensino de História: Metodologias e Novos   Horizontes, realizado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, no período de 28 a 31 de julho de 2008.
DIRETRIZES CURRICULARES DE HISTÓRIA. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Ensino Básico, 2008.
MENEZES, Leila Medeiros de e SILVA, Maria Fátima de Souza. Ensinando História nas séries iniciais: Alfabetizando o olhar. In: MONTEIRO, Ana Maria. Etall (org.) Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: MauadX: Faperj, 2007.215-228
NIKITIUK,Sônia M.L. A história como instrumento de formação. X Encontro Regional de História. ANPUH_ RJ, 2002.
ORIÁ, Ricardo. Memória e ensino de história. In: BITTENCOURT, Circe. O saber histórico em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora. O ensino de História Local e os desafios da formação de consciência histórica.. In: MONTEIRO, Ana Maria. Etall (org.) Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: MauadX: Faperj, 2007. 187 -198 SCHMIDT, Maria auxiliadora e CAINELLI, Marlene. In Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004
VARINE, Hugues de. Patrimônio e Educação Popular. Ciências e Letras, N. 31. Porto Alegre: Faculdade Porto Alegrense de Educação, jan/ jun, 2002.


22 comentários:

  1. Muito boa a perspectiva de se trabalhar com a localidade e, com isso, mudar o aspecto tradicional da aula de História baseado na "História global" - nos PCN's existe essa recomendação. Mas é interessante pontuar que é um trabalho que envolve uma mobilização, pois a História local não está pontuada nos livros didáticos - em sua maioria - nem nos recursos pedagógicos comuns do professor. O ensino de História a partir do local poderia ter mais eficácia se fosse primeiramente feito um trabalho árduo para se levantar documentação (utilizando também a oralidade apresentada por você). Então como você partiria do local se esse tipo de ensino exige todo um trabalho que envolve momentos de dura pesquisa, e levando em consideração a rotina de um professor?
    Manoel Caetano do Nascimento Júnior

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    1. Boa tarde Manoel. Obrigada pelo seu comentário.. concordo com suas colocações. A rotina do professor nem sempre permite a mobilização do professor para a pesquisa. Porém acredito que o mesmo pode transformar a pesquisa em conteúdo de aula. Planejar a pesquisa das fontes e executar com seus alunos, ensinando-os, Na prática, o ofício do historiador. Esse diálogo permite uma inteiracao muito interessante com a turma e o processo da pesquisa e reorganização dos resultados poderá dar a turma uma nova significação histórica!

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  2. Excelente abordagem! O que gostaria de destacar para minha pergunta diz respeito justamente à formação docente, numa abordagem que a senhora disse assim: “...Na falta de cursos preparatórios nesse sentido, percebemos a existências de profissionais diversos, que se dividem entre aqueles que buscam aprimorar-se e buscar tais saberes e outros acostumados um comodismo, que os impede de adquirir tais procedimentos”. E é sobre isso justamente que pergunto – a senhora não acha que temos uma deficiência muito grande ainda na formação pedagógica do professor em si; ou enxerga como principal problema a falta de formação continuada, o que aí não dependeria necessariamente da oferta de cursos, ou não exclusivamente desta, mas também de um descaso por parte daquele que finaliza a faculdade e pronto, não quer saber de mais nada relacionado à complementação? Grato!

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    1. Esqueci de assinar rsrs Thiago Braga, RJ (tlsbraga@hotmail.com) - UNIRIO.

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    2. Thiago, é um misto daquilo que você colocou. Nossa carga horária acaba não priorizando as bases para o ensino de história local, sendo elas; a oralidade, o método de pesquisa histórica, o processo de lidar com as fontes. Lembro de ter tido património no 1 ano,quando eu ainda não sabia o que estava fazendo direito RS. Seria interessante uma readequação dos currículos. Mas esse é só um fator. Muito do que somos em sala de aula aprendermos em sala de aula, ou seja, na prática. Nesse tocante poder estar em contato com cursos de formação continuada é bem interessante, a medida que a localidade em si é um assunto muito próprio de cada lugar. As bases pra pesquisar temos acesso na graduação, porém os dados disponíveis sobre determinado lugar poderiam ser repassados em cursos de extensão. E, com certeza, o professor deve entender sua função de pesquisador. O tempo é corrido, seja para concursado ou pss, mas temos de lembrar do compromisso que assumimos quando resolvemos lecionar. Pesquisar muitas vezes requer mais criatividade e boa vontade do que tempo.

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  3. Parabéns pelo texto Simoniely.

    Só fato de estarmos discutindo a temática já é algo memorável. A educação patrimonial é realizada nos primeiros anos de formação, a qual o ensino não é realizado por um profissional de História formado.
    A minha pergunta está ligada sobre essa dúvida da formação dos professores de anos iniciais, não é dever da escola auxiliar os professores nessa empreitada?
    Acredito que os professores de História poderiam ajudar os seus colegas dos anos iniciais.

    Ass: Anderson da Silva Schmitt

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    1. Oi Anderson, eu sou uma profissional de história atuando nos anos iniciais, mas sei que sou exceção rs. O curso de pedagogia é muito complexo e com inúmeros conteúdos, porém, deveria abranger com mais qualidade uma metodologia para o ensino de história local. Contudo, pensando em maneiras mais praticas; poderiam e deveriam existir cursos de formação continuada para professores da rede municipal e, acredito que, nesse momento,seria interessante a contratação de professores de história para esclarecer e instruir o processo de pesquisa histórica. Tendo material de apoio o profissional das séries iniciais poderia planejar melhor sua forma de repassar o conteúdo ao aluno. Mas também acho que, não sendo promovido nada disso (ou sendo) o professor deve assumir uma postura mais ativa. Existe o ideal e o que temos e quando somos comprometidos com nossa prática exigimos esse ideal, porém, também oferecemos soluções. Obrigada pelo seu comentário.

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    2. Boa noite, Simoniely
      Tanto o curso de pedagogia deveria abranger com mais qualidade uma metodologia de ensino em todas as áreas do conhecimento, quanto todas as outras formações de ensino superior, uma vez que o Ctrl-C e Ctrl-V funciona e passa desapercebidos para muitos trabalhos pseudo-científicos; assim devemos estabelecer uma visão crítica sobre nossa própria formação acadêmica. Questiono: seria o historiador de profissão, capaz de produzir uma reestruturação, retextualização ou uma simples refacção de uma entrevista realizada por um aluno, ou, ainda, associar o tratamento da informação produzindo e interpretando em tabelas e gráficos, desenvolvendo simultaneamente a noção de posição e cartografia ao mapear o local dos estudantes? A defesa de um profissional especialista nos anos iniciais não contradiz a perspectiva da interdisciplinaridade? Eu será que este discurso serve apenas para criar uma reserva de mercado de trabalho, escasso apenas para profissionais pouco qualificados?
      Ass. Valter Andre Jonathan Osvaldo Abbeg

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  4. RONILSON OLIVEIRA PAULINO7 de março de 2016 às 16:14

    Boa noite, muito interessante o texto, pois trabalhar a história local é relevante para se manter acesa a memória de uma comunidade, povo, etc. Pois durante décadas a historia brasileira foi pautada no eurocentrismo.
    Att, ROnilson
    Graduado em História, 2015.

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  5. Bom dia, Simoniely.

    Gostei do seu texto e gostaria de fazer algumas colocações.
    1 - Penso que o Patrimônio traz em si a ideia de herança que as gerações anteriores deixaram para as atuais (Funari: Pelegrini: 2007), neste sentido a escola e os materiais que serão trabalhados em sala de aula podem vir de pequenas ações.
    Como professor de história em uma escola em Chaperó, interior de Itaguaí (região metropolitana dl Rio de Janeiro) propus que os alunos de duas turmas de 3' ano fizessem o levantamento das festas que ocorriam no bairro. Como resultado foram levantadas 42 festas, sendo algumas com mais de 50 anos. Esta ação fazia parte do Projeto anual: Nosso bairro, Nossa historia. Por isso, defendo que como um pesquisador/historiador que faz recortes para sua análise, cabe ao professor de história fazer também estes recortes.
    Pergunto a você: Partindo da proposta de Meneses e Silva (2007) é possível propor a alfabetização no olhar sobre a historia local a alunos do Ensino Fundamental II e Médio? Caso positivo, como?

    Estou com um texto sobre Ensino de história e turismo, a partir do olhar de outras turmas que trabalho, técnico em Guia de turismo. Nele faço uma análise de uma prática didática que pode lhe interessar para discutir o questão da história local.

    Att.

    José Lúcio

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  6. Olá Simoniely, você acredita que o estudo da história local contribui para a construção da consciência histórica, visto que o aluno passa a perceber que ele é um sujeito da história?

    Elis Paulina de Quadros Elger

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    1. Oi Elis! Sim,o ensino de história local proporciona essa significação histórica ao aluno. Contudo, deve-se ter o cuidado de vincular a mesma a uma perspectiva nacional e mundial para que o aluno não perca a noção de totalidade, não conseguindo se inserir na história como um todo. Tendo esse cuidado, a possibilidade de se entender como agente construtor e transformador da história permite que o aluno entenda que a história não é algo só ensinado, mas também vivenciado no dia a dia!

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  8. Prezada Autora Simoniely, parabéns pelo tema escolhido. Os desafios da história local são inúmeros, mas os ganhos também são vários, caso seja um trabalho com rigor, método e aplicação. Considero um ponto importante no texto o apontamento para alguns caminhos metodológicos que conduzem ao trabalho com história local, como memória, história oral, patrimônio.... Agora, sobre esta perspectiva ampla, no que se refere a importância do ensino de história local, muitas questões podem ser aventadas, como formação de professores, caminhos metodológicos, dificuldades enfrentadas, entre outras. É bom perceber também que ao especificar o trabalho com a história local, algumas questões podem ser respondidas e outras inquietações podem surgir, como, por exemplo, ao trabalhar o tema “imigração e ensino de história no município X”, é possível pensar precisamente nos tipos de fontes, sujeitos envolvidos, métodos, etc. Daí, é possível perceber se a formação profissional na área pesa no trato da temática e da pesquisa; as possibilidades de relação com as mais variadas formas de abordagens didática da história, como história geral, temática, integrada, etc., o que denotaria as circunstâncias do local e sua relação com outras dimensões; há ainda as possibilidades de aspectos correlatos, no caso do exemplo acima, poderia se inserir o tema da(s) identidade(s), pois estas seriam local ou global? Considerando o pensamento de Stuart Hall, teórico das identidades, o movimento de globalização também provoca certo localismo, o que implica pensar na complexidade da questão. Dessa forma, além do importante debate sobre a importância do ensino de história local, também se faz necessário discutirmos experiências realizadas no âmbito da aplicabilidade dos caminhos teórico-metodológicos do ensino de história local.

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    1. Assinando: Roberg Januário dos Santos

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    2. Prezada Autora Simoniely, parabéns pelo tema escolhido. Os desafios da história local são inúmeros, mas os ganhos também são vários, caso seja um trabalho com rigor, método e aplicação. Considero um ponto importante no texto o apontamento para alguns caminhos metodológicos que conduzem ao trabalho com história local, como memória, história oral, patrimônio.... Agora, sobre esta perspectiva ampla, no que se refere a importância do ensino de história local, muitas questões podem ser aventadas, como formação de professores, caminhos metodológicos, dificuldades enfrentadas, entre outras. É bom perceber também que ao especificar o trabalho com a história local, algumas questões podem ser respondidas e outras inquietações podem surgir, como, por exemplo, ao trabalhar o tema “imigração e ensino de história no município X”, é possível pensar precisamente nos tipos de fontes, sujeitos envolvidos, métodos, etc. Daí, é possível perceber se a formação profissional na área pesa no trato da temática e da pesquisa; as possibilidades de relação com as mais variadas formas de abordagens didática da história, como história geral, temática, integrada, etc., o que denotaria as circunstâncias do local e sua relação com outras dimensões; há ainda as possibilidades de aspectos correlatos, no caso do exemplo acima, poderia se inserir o tema da(s) identidade(s), pois estas seriam local ou global? Considerando o pensamento de Stuart Hall, teórico das identidades, o movimento de globalização também provoca certo localismo, o que implica pensar na complexidade da questão. Dessa forma, além do importante debate sobre a importância do ensino de história local, também se faz necessário discutirmos experiências realizadas no âmbito da aplicabilidade dos caminhos teórico-metodológicos do ensino de história local.
      Atenciosamente,
      Roberg Januário dos Santos

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  9. Boa tarde!
    Ótimo texto para se refletir sobre a história local na sala de aula e sua importância para a construção das identidades como ponto de partida. Pensando nisso, faço uma pergunta bem objetiva:em que momento se deve inserir a história local no 6º ano, por exemplo, onde o conteúdo programático são as civilizações antigas? Ou mesmo no ensino médio, onde a maior preocupação do estudantes é com o ENEM, momento este em que grande parte dos alunos acham a história local perda de tempo, justamente por estarem preocupados com uma vaga para a universidade e história local não é conteúdo do mesmo.
    Obrigada!
    Erika Derquiane Cavalcante

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  10. Márcia Lúcia da Cruz9 de março de 2016 às 18:36

    Simoniely,
    As reflexões sobre a importância do ensino da história local mantêm viva a memória de uma comunidade, resgatam histórias orais, instigam os alunos a pesquisar sobre seus antepassados e alguns gostam muito por ser uma realidade próxima a eles, então não deveríamos explorar também em conjunto com outras disciplinas o “sentimento de pertencimento a um local” que carrega a nossa história?
    Atenciosamente,
    Márcia Lúcia da Cruz.

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  11. Boa noite!
    Gostei muito do texto, estou acabando o curso de Licenciatura em História e meu trabalho de conclusão será justamente o tema abordado. Percebendo cada vez mais que a necessidade de pertencimento e memória do indivíduo está tomando o seu valor na sociedade.
    Baseado nos seus estudos e vivência, a senhora acha que as pessoas estão reconhecendo e procurando saber e entender cada vez mais a questão da valorização da memória e sua importância? Ou ainda falta muito para vencermos está luta?
    Grata,
    Vanise Garcia Simões Correia

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  12. Olá querida, parabéns pela comunicação, pois sempre é valido discutir esse árduo trabalho que é a História Local, sobretudo em cidades de menor porte, como as de nossa região, em que a bibliografia existente foi toda ela (ou quase toda) escrita por uma elite e para a mesma, sem a menor preocupação de colocar sujeitos históricos populares como protagonistas da História. Você acha que a história oral pode resolver esse problema e colocar o índio, o negro, o pobre, entre outros sujeito, em seu devido lugar na história? Discorra um pouco sobe isso. Beijos. Aristides Leo Pardo (Tide) - tidejor@gmail.com

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  13. Olá Simoniely, parabéns pela escrita do seu texto, acredito que apontou questões muito pertinentes para pensar o ensino e, creio eu, o sentimento de pertencimento da identidade e história local. Minha pergunta parte da seguinte inquietação: muitas vezes, nós docentes em histórias, somos chamad@s para dialogar com profissionais das séries iniciais acerca da história local, logo, você acredita que, para além de intervenções pontuais, as séries inciais deveriam conter a disciplina de história tendo @s licenciad@ em história como profissional para ministrar essas questões de história local, identidade, sujeitos históricos?

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